Todos os anos, em
agosto, a Igreja no Brasil celebra o Mês Vocacional,com uma temática
específica. Este ano, somos convidados a refletir, rezar e a dinamizar o
Mês Vocacional, lembrando do chamado que cada um de nós
recebeu no dia do nosso batismo. Se, por um lado, o Mês Vocacional é um
tempo propício para o reavivamento da chama da nossa vocação, por
outro lado, é também um tempo propício para
animar e conduzir os
irmãos e as irmãs a assumirem verdadeiramente a sua vocação
batismal. A verdadeira felicidade está em descobrir a vocação, que nasce da
abertura da porta do coração a Deus para que entre e faça nele a
sua morada. Iluminados e
impulsionados pelo “eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), da CF-2013, e pelo
“ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19), da JMJ,
percebemos a necessidade de uma intensificação e de uma retomada do
trabalho vocacional em muitas partes do Brasil.
A crise é real, grande
e profunda, mas também está faltando uma palavra viva, forte, clara e
eficaz que fale e cale bem no fundo do coração dos mais jovens na
fé. Mais do que trabalhos vocacionais isolados, precisamos urgentemente juntar força, trabalhar e rezar juntos ao Senhor da messe que
envie muitas, boas e santas vocações para todas as Igrejas e para
todas as missões.
Rezemos pelos ministros ordenados para sejam místicos e mestres da oração;
rezemos com e pelas famílias para que sejam berços da fé; rezemos
com e pelas pessoas de vida consagrada para que sejam sinais e
presenças do Reino de Deus no mundo.
Rezemos com e pelos cristãos
leigos e leigas para que sejam operários e operárias na vinha do Senhor na
nova evangelização; rezemos com e pelos(as) catequistas para que
sejam aprendizes, discípulos- missionários da escola de Jesus.
Dobremos todos e juntos os joelhos diante de Jesus, na Eucaristia,
pedindo por todas as vocações que a Igreja precisa para a sua missão.
Peçamos a Maria, Mãe
das Vocações, que interceda, com seu olhar maternal, pelas
nossas vidas e nossas vocações, a fim de que os nossos trabalhos de “fazer
discípulos entre todas as nações” sejam eficazes e se tornem
realidade, para que possamos contemplar, fazer e viver a vontade de Deus.
Ministros
Ordenados: mestres da oração
São
ministros ordenados os diáconos, presbíteros e bispos. Cada um deles
tem uma missão específica. Deus os escolheu, no amor, para a
missão de anunciar a todos a Boa Nova dedicando sua vida, suas energias e
suas forças físicas e espirituais em vista do Reino de Deus. Nesta
primeira celebração, com o canto inicial, queremos oferecer nossa prece
e louvor por todos os ministros ordenados da nossa Igreja.
É em nome da
Trindade que nos reunimos como comunidade. Todos formamos o povo
de Deus e por meio do batismo recebemos a herança eterna. Nossa
vocação é viver de acordo com o plano de Deus.
Para
melhor cumprir essa vocação, precisamos constantemente – nos
dirigir a Deus. Ele é Pai e nos ama com amor infinito.
Os ministros
ordenados, como consagrados ao Senhor tanto pelo batismo quanto pelo
sacramento da Ordem, dirigem-se cotidianamente a Deus através da
Oração da Igreja.
Sua missão de
anunciar a Boa Nova servindo à Igreja e a seu povo comporta a busca
constante para se aproximar a Jesus através da oração. Por isso
estão sempre procurando se configurar a Cristo (cf. Rm 8, 29; Fl 3,
10.21), Mestre e Senhor.
Assemelhar-se a
Cristo é assumir seu estilo de vida. Uma das dimensões mais
perceptíveis do Filho de Deus era sua intimidade com o Pai, através da
oração. Assim como Jesus
Cristo, os ministros ordenados devem viver sempre em intimidade com
Deus, na oração e na fidelidade à sua missão.
A Palavra de Deus
ilumina o coração humano. Queremos acolher esta luz, aclamar a
Palavra e deixá-la fecundar a vida.
Evangelho de
Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 11,1-13)
Glória a vós,
Senhor!
Jesus estava
rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos
pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus
discípulos”.
Jesus respondeu:
“Quando rezardes, dizei:
Pai, santificado
seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que
precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também
perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixeis cair em
tentação”.
E Jesus
acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe
disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de
viagem e nada tenho para lhe oferecer, e se o outro responder lá de
dentro: Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já
estamos deitados; não me posso levantar para te dar
os pães; eu vos
declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo,
vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto
for necessário. Portanto, eu vos digo:
Pedi e
recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem
pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá.
Será que algum de
vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda,
se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós que sois maus,
sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu
dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”.
Palavra da
Salvação.
Glória a vós,
Senhor!
A
PARTIR DA PALAVRA
A oração do Pai
Nosso resume todo o Evangelho e sintetiza a fé dos discípulos
missionários de Jesus Cristo. Sem vida de oração não há discipulado nem
ministério que se sustente e ilumine a comunidade. Os ministros
ordenados são modelos desta adesão ao Evangelho e
mestres de oração.
A oração é
expressão de nossa Aliança com Deus. Todos, ministros ordenados e
leigos, somos membros do Povo da Aliança, operários e operárias
a caminho do Reino definitivo.
Jesus é modelo
perfeito de oração. Ele não rezava na língua hebraica, idioma da
liturgia oficial. Jesus rezava em aramaico, sua língua cotidiana. O
Mestre de Oração reza na montanha, a sós ou na companhia dos discípulos,
de dia ou de madrugada. Reza no deserto, às margens do lago da Galileia ou mesmo na barca. Ele ensina a rezar em todos os momentos
e lugares.
- A oração de Jesus
brota do coração. Nasce espontaneamente desde a sua condição
de Filho amado de Deus. Jesus reza a vida, a vocação e o chamado
missionário do Pai que o envia.
Sua oração é
simples, direta e plena de confiança em Deus. Com familiaridade ele
dirige ao Pai. Ele pede a santificação do nome santo de Deus e de sua
obra, o Reino. Pede também pela necessidade material dos discípulos, o
pão. Reza pelas necessidades espirituais, o perdão dos pecados e a
libertação das tentações.
Mas a oração de
Jesus começa com a invocação “Pai”. Assim, Ele manifesta sua
consciência filial e nos convida a reconhecer a bondade de Deus. Ele
é Pai amoroso e nos convida a viver como irmãos e irmãs. Somos
a grande família de Deus.
ORAÇÃO
Rezemos a oração
elaborada pelo papa emérito Bento XVI, por ocasião do 43º Dia Mundial de
Oração pelas Vocações.
Ó Pai, fazei
com que surjam, entre os cristãos, numerosas e santas vocações ao
sacerdócio, que mantenham viva a fé e conservem a grata memória do
vosso Filho Jesus pela pregação da sua palavra e pela administração dos
sacramentos com os quais renovais continuamente os vossos fiéis.
Dai-nos
santos ministros do vosso altar, que sejam atentos e fervorosos guardiães
da Eucaristia, o sacramento do supremo dom de Cristo para a
redenção do mundo.
Chamai
ministros da vossa misericórdia, os quais, através do sacramento da
Reconciliação, difundam a alegria do vosso perdão.
Fazei, ó Pai,
que a Igreja acolha com alegria as numerosas inspirações do
Espírito do vosso Filho e, dóceis aos seus ensinamentos, cuide
das vocações ao ministério presbiteral e à vida consagrada.
Ajudai os
Bispos, os presbíteros, os diáconos, as pessoas consagradas e todos
os batizados em Cristo para que cumpram fielmente a sua
missão no serviço do Evangelho.
Nós Vos
pedimos por Cristo, nosso Senhor. Amém!
Maria, Rainha dos
Apóstolos, Rogai por nós!
Ministros
Ordenados: mestres da oração
O sacramento da ordem
concedido aos Ministros Ordenados é de instituição divina,
isto é, foi criado pelo próprio Cristo. Os presbíteros nas palavras do
apóstolo Pedro devem “ser pastores do rebanho de Deus” (cf.1Pd 5,1-4).
Isto nos diz que os ministros ordenados não são apenas
administradores em suas dioceses ou comunidades paroquiais; são sim, fiéis
cristãos que receberam, no Sacramento da Ordem, uma
marca perpétua na
alma, que não se apaga jamais. Esta marca os constitui ministros
de Cristo, mestres da oração, para servir não a si mesmos, mas ao povo
de Deus.
Os ministros
ordenados ao responderem o chamamento divino oferecem o próprio
testemunho de vida. São assim, mestres da oração e amigos de Deus para
cuidar com zelo de todos os vocacionados e vocacionadas,
homens e mulheres que desde o batismo foram chamados por Deus a
uma vocação.
Vemos na primeira
carta de São Pedro que os ministros ordenados devem ter um “coração
generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como
dominadores daqueles que lhes foram confiados, mas antes, como
modelos do rebanho” (cf.1Pd 5,1-4). Para ser um modelo do rebanho
implica ao ministro ordenado ser íntimo de Deus. A intimidade na
oração, a capacidade de disciplinar-se para rezar a sós (Lc 11, 1-13) e
com a comunidade, antes e depois das atividades.
Encontramos na
Exortação Apostólica, Verbum Domini: “No diálogo com Deus,
compreendemo-nos a nós mesmos e encontramos respostas para as perguntas
mais profundas que habitam o coração”. (cf. Verbum Domini, 1ª parte, nº
23, p. 48, Paulinas).
O Papa Bento XVI nos
recordou, durante o Ano sacerdotal, que três aspectos são
essenciais na vida do sacerdote para que seu testemunho seja eficaz. O
primeiro se refere à amizade com Cristo, cultivada a partir da escuta da
sua Palavra. O segundo aspecto é o dom total de si mesmo a Deus, que se
concretiza no ministério pastoral e na “alegria
de se tornar companheiro
de viagem de tantos irmãos, para que se abram ao encontro com
Cristo e sua Palavra torne-se luz para o seu caminho” (Bento XVI,
mensagem para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações). O
terceiro aspecto é o viver a comunhão.
Os ministros ordenados, mestres da
oração, “devem ser homens de comunhão, abertos a todos,
unidos ao rebanho inteiro que a bondade do Senhor lhes confiou,
ajudando a superar divisões, enxugar lágrimas, a resolver divergências e
incompreensões” (idem).
Por fim, fundamento
imprescindível de toda vida dos ministros ordenados permanece a
amizade com Deus como afirma a Constituição Dogmática Dei Verbum
2: “... na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos e convive
com eles, para os convidar e admitir à comunhão
com Ele.” Neste
sentido, esta amizade íntima com Deus só pode ser encontrada na oração
cotidiana dos ministros ordenados.
Elemento essencial para um
testemunho vocacional coerente e sincero. A doação de si mesmos a Deus e
a vivência da comunhão sustentam a fortalecem a vida da Igreja,
atrai novas vocações para o ministério ordenado e a
vida consagrada
religiosa ou secular.
Podemos nos
perguntar como comunidade: Qual a nossa
contribuição
para que os nossos ministros ordenados: bispos, presbíteros
e diáconos sejam de fato “mestres da oração”?
Fonte: http://www.arqmariana.com.br/ Elaborado por Aparecida Cassia Dias